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Notícias
02-09-2022 |
Ato médico |
Cremesp e sociedades médicas encaminham proposta de decreto para barrar invasões à Medicina |
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) promoveu uma reunião histórica, na quinta-feira (1/9), com as sociedades de especialidades médicas para discutir e encaminhar, à Presidência da República, uma minuta de decreto que visa cessar as crescentes invasões aos atos médicos por outras profissões regulamentadas da área da saúde. O decreto já será apresentado aos poderes Executivo e Legislativo. Tratamentos alternativos para doenças graves, como as oncológicas, ou aparentemente simples, mas invasivos, como os estéticos, são oferecidos à população por não médicos, muitas vezes, com desfechos adversos, como deformações e até mesmo mortes. “Em muitas situações, esses procedimentos são apoiados em supostas ‘resoluções’, criadas pelos próprios órgãos de regulamentação profissional, que extrapolam suas competências, com implicações sobre a qualidade dos tratamentos de saúde oferecidos à sociedade”, afirmou Irene Abramovich, presidente do Cremesp. “Esta é uma iniciativa em defesa da vida e saúde dos pacientes”, completou. “Os próprios conselhos profissionais criam condições para isso e, frequentemente, recorremos à Justiça e conseguimos derrubar essas supostas normativas. Mas é como secar gelo, visto que ressurgem, de tempos em tempos”, completou o primeiro secretário do Cremesp, Angelo Vattimo, reforçando que o decreto proposto pretende por fim a essa situação. Por meio de ações judiciais já foram anuladas na Justiça resoluções invasivas ao Ato Médico (Lei nº 12.842), promovidas por órgãos como os conselhos federais de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Biomedicina e Psicologia. “Percebemos que estas ações não acontecem apenas nos campos aparentemente mais lucrativos, mas também em setores de assistência médica, como os de emergência e ambulatórios, com pré-consultas sendo feitas por não médicos”, afirmou a segunda secretária do Cremesp, Maria Camila Lunardi. Dentre os convidados a compor a mesa de trabalhos, estava o advogado Frederick Wassef e outros profissionais do Direito. Ele prestou apoio à iniciativa e se comprometeu a levar e defender a proposta junto ao Governo Federal. “Como cidadão e paciente, pretendo levar ao presidente da República e todas as autoridades esta minuta de decreto, um excelente trabalho realizado pelo Cremesp e pelas sociedades”, afirmou. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, Armando de Carvalho Lobato – um dos representantes de entidades apoiadoras ao decreto presentes na reunião –, considera o trabalho promovido pelo Cremesp “não apenas inovador, mas único” e capaz de enfrentar o problema. Pelo Cremesp também integraram a mesa de trabalho a vice-presidente e vice-corregedora Maria Alice Saccani Scardoelli; o coordenador do departamento Jurídico, Joaquim Francisco de Almeida Claro; de Comunicação, Wagmar Barbosa de Souza (interino); e de Fiscalização, Daniel Kishi; além dos conselheiros Eliane Aboud, Juliana Takiguti Toma, Mônica Yasmin Pinto Corrado e Silvio Sozinho Pereira. Confira a seguir as manifestações de alguns representantes das sociedades de especialidades que participaram da reunião: “Parabenizo (...) essa iniciativa. É um tema, sem sombra de dúvidas, de extrema importância. (...) a Anestesiologia tem sofrido uma grande invasão (...), principalmente pelos dentistas. [Casos graves] tem vindo a público, com crianças morrendo. Esses profissionais estão utilizando medicações anestésicas e psicotrópicas que chegam a ser até mil vezes mais potentes que a morfina em pacientes que não são monitorizados.” “A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia briga pelo Ato Médico. [A proposta de decreto] é um anseio que atende a todas as especialidades. A nossa, entre muitas outras, é invadida no seu dia a dia por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, que realizam procedimentos que não os competem.” “O que todo paciente mais deseja, quando procura um tratamento, são qualidade e segurança. Em um diagnóstico ou tratamento, qualidade e segurança somente podem ser garantidas com a certeza que o atendimento está sendo feito por um profissional qualificado.” “Nós tivemos a necessidade de entrar com uma ação contra todos os demais Conselhos de profissionais da área da saúde. (...) Tivemos vitórias significativas, contra o de Fisioterapia e de Farmácia, que tiveram suas resoluções anuladas. (...) Mas eles emitiram novas resoluções e tivemos que entrar com outros processos (...) e ficamos em um vai e volta doloroso. Nesse sentido, um decreto que possa aliviar essa demanda toda de tempo (...) seria importante”. “Gostaria de parabenizar à mesa e aos colegas que organizaram este trabalho. Podem contar com o apoio da Associação de Coloproctologia. Parabéns pelo esforço de vocês!” Nacionais Estaduais |